quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O sofrimento é opcional

É notável como uma proposta apresentada no congresso do PS acendeu o rastilho da discussão pública sobre a Eutanásia. Prova inequívoca que a sociedade está pronta para este debate. Como aqui escrevi em Dezembro...

Ouvi vários dos meus colegas a pronunciarem-se sobre o tema, na qualidade de médicos. Nenhum disse aquilo que me parece que seria obrigação estrita dos médicos esclarecer:

Todos os cidadãos que se declararam a favor da Eutanásia fizeram-no por uma de duas razões: por medo do sofrimento ou por considerarem que alguns estados de doença ou deficiência comprometem a dignidade da pessoa humana.

A questão da dignidade humana é uma questão moral, ética e filosófica. Cabe aos médicos pronunciarem-se como cidadãos. Particularmente envolvidos com a pessoa humana, mas como cidadãos.

É no respeitante ao sofrimento que os médicos, enquanto tal, têm que se fazer ouvir. Porque a Medicina não evita a instalação de doenças crónicas, nem o envelhecimento, nem a perda progressiva de capacidades. Mas pode sempre, sempre evitar o sofrimento. Na doença, no envelhecimento e nas fases terminais. O sofrimento é opcional, mas é uma opção da sociedade e dos decisores políticos. Assim dêem aos médicos os meios adequados.
Enquanto os recursos forem negados...

Haja saúde, meus amigos

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