domingo, 11 de janeiro de 2009

O Sr. Baltazar Nunes

O chamado “caso Esmeralda” tem sido um exemplo paradigmático do infeliz sistema judicial e social com que temos de sobreviver.

Há sete anos, nasceu uma criança, fruto duma relação ocasional entre o Sr. Baltazar Nunes e uma cidadã brasileira que se encontrava em Portugal em regime, tanto quanto sei, transitório.

Em pleno século XXI, custa a aceitar como provável que uma criança seja fortuitamente gerada de uma relação casual. Tanto mais quanto esta criança poderia contribuir para estabilizar a situação legal da mãe enquanto imigrante. Provavelmente a gestação foi realmente casual, mas estas mesmas dúvidas terão assolado o Sr. Baltazar Nunes. Confrontado com a indicação de paternidade, solicitou a confirmação biológica da mesma.

A confirmação da paternidade conseguiu-se ainda a criança tinha meses de vida e o Sr. Baltazar Nunes de imediato solicitou a guarda da criança. Começou então um processo kafkiano digno de uma novela.

Enquanto não se confirmara a paternidade, a mãe entregara a criança à guarda de um casal. Quando o Pai solicitou a criança, o casal de acolhimento pura e simplesmente recusou a entrega ao Pai. Podia recusar? Não podia. Durante anos, o casal foi intimado a entregar a criança. Entregou? Não. Foi acusado de sequestro, andou a “monte”, não se conseguia localizar o casal e a criança que eram bem conhecidos no local onde viviam. O marido foi preso por sequestro. Preso? Não. Ficou retido em condições da maior tranquilidade.

Nos últimos sete anos o Sr. Baltazar Nunes viu o Tribunal ordenar a entrega da sua filha em múltiplas ocasiões. Nunca se efectivou esta entrega. Ficou sempre com o casal que durante anos foi adiando a entrega, tentando impor uma política de facto consumado. Sempre incutindo na menina o ódio pelo Pai que por ela lutava. Destruindo a infância e a vida deste ser humano. A posse da criança era deles porque eles porque era essa a vontade deles, independentemente das decisões do Tribunal e dos direitos do Pai e da menor. Como foi possível? Foi possível...

Em primeiro lugar porque o Sr. Baltazar Nunes é Pai. Há na sociedade portuguesa, e com reflexo nas decisões judiciais, uma enorme descriminação de género. Não é na vida política, onde se impôs cotas. Nem na vida académica. Nem na vida militar, onde hoje as mulheres entram normalmente. Portugal é hoje um porto franco para a discriminação de género no que diz respeito à paternidade. Suspeito que se o Sr. Baltazar Nunes fosse mãe, há muito a criança teria sido entregue…

Em segundo lugar, foi possível porque o sequestrador que não cumpriu ordens do tribunal, que foi impossível de localizar, é militar. Os portugueses deveriam olhar para a instituição militar como um dos mais firmes defensores da Lei. Mas este sequestrador usou a condição de militar para ficar imune à ordem de detenção. Ficou retido em instalações de detenção militar, recebendo o apoio e solidariedade dos camaradas, como vimos na televisão. E a GNR, também constituída por militares, em várias ocasiões foi incapaz de localizar os “desaparecidos”…

Deste processo três actores fazem má figura:

O sequestrador que reteve a criança. Adoptar uma criança em Portugal é excessivamente difícil. Mas esta dificuldade não dá a ninguém o direito de retirar uma criança ao Pai que a quer criar. Não sei quem é esta pessoa, mas sei a figura que fez: a do arquétipo do sargento do antigamente. Arrogante. Indiferente à justiça “dos civis”. E cobardemente escondido atrás da sua “condição militar”…

A Hierarquia Militar esteve silenciosa em todo este processo. E com o seu silêncio protegeu o sequestrador, sancionou o roubo de uma criança ao seu Pai, permitiu que durante anos esta menina fosse “educada” no ódio do Pai. E transmitiu ao País a ideia que este processo vergonhoso só foi possível graças à impunidade da “condição militar”. Os Portugueses precisam ter a Instituição Militar outra imagem…

A Justiça Portuguesa teve a coragem de tomar decisões honestas, num caso difícil, a transbordar de chantagem emocional derramada nos media. Aparece lenta e com dificuldade para fazer cumprir as suas decisões. Mas deixa-nos alguma esperança…

Mas deste processo sai também um herói:

O Sr. Baltazar Nunes é um Herói. Lutou pela filha, contra os preconceitos, contra a prepotência de uma maligna rede de influências e contra a política do facto consumado. Conseguiu o mais elementar dos direitos, o de criar a sua filha.

Tem a minha imensa admiração e total solidariedade.

E tem agora o direito de viver em Paz com a sua filha.

Bem Haja.

5 comentários:

  1. esse sr deveria de ter vergonha de estar a tirar a menina a uns pais ue a criaram com amor ate aos sete anos aprendam todos meus srs que parir é dor e criar é amor não se pode agarrar amor a uma pessoa sem ter convivencia com ela por isso esse sr baltazar que nao venha com historias da carochinha dizendo que ama a filha , se a amasse realmente fazia as coisa com calma de maneira a que a menina não fosse obrigada a estar só num dos lados já que quem deve de estar a sofrer com tudo isto é esta pequena criatura que chamou pais a uns até agora e de repente teve que começar a chamar pais a outros tenham vergonha que voces ja são adultos e esta pequenina é quem mais sofre ,só se ve isto neste pais em que as leis não valem nada

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  2. independentemente de ser pai ou Pai, devia haver mais "cabeça" q é como quem diz inteligencia para q realmente se fosse ir adaptando a menina à sua nova (verdadeira ou nao) familia.
    convinha q nao se esquecessem 6 ou 7 anos de carinhos, dedicaçao, noites mal dormidas, daqueles q realmente a criaram.
    por acaso já pararam para pensar q raio de Natal é q tiveram os pais afectivos, os avós afectivos, e o resto da "familia" q com ela estiveram habituados estes anos? nao pensaram, pois nao? oxalá um dia nao passem pelo mesmo, ou os vossos filhos ou netos, q talvez mudem um pouco de opiniao.
    é q o baltazar, por muito pai q seja, apenas deu um espermatozoidezinho, carinho e afeiçao poderá dar no futuro, e alem da menina ainda levou 30 mil euros da familia afectiva. NAO HA JUSTIÇA NESTE MALDITO PAÍS!
    podia estar a ser tudo resolvido a bem, mas um dia, oxalá nao, se acontece alguma coisa de mal à miuda quero ver quem vao ser os culpados... juiza... psiquiatra... tecnicas... depois a culpa morre solteira como de costume!

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  3. Sim, pai e mãe é quem cria. Quem está presente. Mas vendo a cronologia de acontecimentos no caso desta menina, o pai biológico só não foi também o Pai afectivo porque a criança não foi entregue quando deveria ter sido! E a primeira ordem de entrega foi quando a criança tinha meses! Nessa altura qualquer psicólogo pode confirmar que a transição não teria quaisquer mazelas psicológicas para a criança.
    Visto que os ditos pais adoptivos fugiram com a criança durante anos, já não será tão simples. O que os pais afectivos fizeram foi roubar uma criança do Pai. A questão é: Se alguém roubar uma bebé dos pais, mesmo que tenha as melhores das intenções, e essa criança só for encontrada daqui a 5 anos. Os pais que procuraram por ela devem tê-la de volta ou os pais afectivos é que devem ser premiados pelo acto ilegal e ficarem com a criança? Para a criança seria mais fácil, mas seria justo?

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  4. «A mãe da criança, não foi ter com ninguém. Baltazar soube da gravidez, no 8º. Mês através duma irmã da Aidida que também estava grávida. Logo, disse que se fosse ele o pai assumia. E até deu o telefone a essa tal irmã. A criança nasceu e ele não soube de nada. Só mais tarde, tinha o bebé alguns meses, é que foram a casa do Baltazar, a Aidida e a irmã e falaram com a mãe. Não levaram sequer a bebé. Deixaram ficar um papel m branco para o Baltazar assinar. A Aidida queria era completar o negócio. O Baltazar foi ai Tribunal aquando da instauração do processo de averiguação de paternidade e logo se disponibilizou a fazer testes a assumiu a criança se dessem positivos. Quando perfilhou a criança foi à procura dela e a Aidida mentiu-lhe dizendo que o bebé estava em Lisboa em casa de uns primos. Bem, mas eu estou a contar a história para quê? Está escrita e provada em Tribunal, basta lerem e informar-se.
    Mas custa muito!»
    Por isto e que eu acredito que Esmeralda esta muito bem como pai pelo menos ele não a vai dar a ninguém!

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  5. Sem dúvida que este caso, começado a criar na opinião pública por Fátima (Lopes) no seu homónimo e inqualificável programa, logo contou com o apoio estranho de certas personalidades, umas que deram a cara porque queriam mesma dar a cara, caso da ex - "primeira - dama" e de Vilas-Boas e quejandos, sob pena de um esquecimento inexorável e ainda de outros advogadecos (ditos prof's de Direito em Univ's privadas) de meia tijela que assim se quiseram dar a conhecer ao nosso Portugal. Mas foi acarinhada veladamente mas importantemente impulsionada pelos movimentos de gays e lésbicas (cujos acasamentos de pronto o Pinóquio quer legalizar). De facto convinha-lhes que a importância dos laços supostamente afectivos sobre os biológicos fosse, em fé pública, legitimada através deste caso. A resolução favorável ao sargento e à sua Lagarta seriam um importante passo na reivindicação da possibilidade de adopção que está implícita nos pretensos "casamentos" e ganhará força subsequente à eventual conquista do direito a estes!

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